segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Nossas origens e as origens dos nossos pensamentos


Por Nathan Klabin (voluntário do Biná Peoplehood)

O programa de Liderança Empresarial e Comunitária é um projeto que reúne jovens adultos de comunidades judaicas de diferentes cidades do Brasil durante 4 encontros que duram 1 semana cada um desses encontros. Esses encontros ocorrem ao longo de 1 ano, sendo 3 encontros em São Paulo com aulas no Insper e o último encontro é uma viagem para Israel onde mais aulas são ministradas, dessa vez na Universidade de Haifa.

Nesse ano de 2011 a segunda classe foi feita, aproveitando experiências aprendidas da primeira turma feita no ano passado. Somos uma classe de 35 jovens selecionados desde Natal até Porto Alegre e possuímos as mais diferentes formações acadêmicas e orientações judaicas. Portanto essa é uma tentativa de formar um grupo multidisciplinar e plural, capaz de avaliar criticamente as questões judaicas das suas cidades e do Brasil.

Será que essa esforço é válido? Certamente, apesar de academicamente de eu estar apenas revendo superficialmente certas idéias que já conhecia. Nessa primeira semana estou me familiarizando com questões das comunidades judaicas de outras cidades. Acredito que esse tenha sido o aspecto do qual mais me beneficiei. Sendo um freqüentador do Hillel, acredito estar familiarizado com a reflexão crítica sobre a ação humana e sobre o judaísmo. Comparativamente, observo que esses jovens adultos estão conscientes dos problemas que atingem suas comunidades, porém ainda não estão conscientes da natureza desses problemas, da problemática.
Liderança, poder, legitimidade e autoridade foram algumas das questões abordadas durante essa semana. Porém para mim o mais urgente foi compreender a necessidade de se desenvolver uma consciência de comunidade judaica brasileira ao invés das comunidades judaicas regionais. A falta de profissionalização, a falta de renovação de lideres e a conseqüente falta de idéias novas é ao mesmo tempo efeito e origem dos problemas judaicos brasileiros. Alguns desses problemas são a assimilação, a tentativa de limitar judaísmo à esfera religiosa, falta de recursos para projetos e a falta de projetos para recursos.

Para resolvermos tudo isso, falta ainda a conscientização mais ampla de todos nós. Os resultados desse curso só serão observáveis a longo prazo. O surgimento de uma cultura judaica brasileira, capaz de contribuir para uma cultura judaica de nível global deve ser o objetivo final. Pois é na da troca cultural que se gera riqueza, assim como na troca mercantil. A reinvenção de uma cultura deve ser antecedida pela reinvenção de como ela se vê. Valores elitistas, provincianos e retrógrados não serão extintos, porém devem ser retirados das nossas lideranças egocêntricas. Lamentavelmente até hoje nossas possíveis lideranças com capacidades transformadoras  acabam indo para Israel , restando para nós as lideranças acomodadas e egocêntricas. Resta agora que criemos uma consciência judaica genuinamente brasileira.

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