Para homenagear tal data separamos trechos de textos e vídeos que são passados para os jovens do Yad Vaed que serão postados até o início do Shabat.
"Hurbinek era ninguém, um filho da morte, uma criança de Aushwitz. Aparentava cerca de 3 anos, ninguém sabia mais mada a seu respeito, ele não conseguia falar e não tinha nome; seu curioso nome, Hurbinek, fora dado por nós, talvez por uma das mulheres que interpretavam com essas sílabas os sons desarticulados que uma criança emitia de vez em quando. Sofria de paralisia da citura pra baixo, nas peras atrofiadas, finas como palitos; mas seus olhos, perdidos num rosto triangular, devastado, brilhavam, terrivelmente vivos, cheios de exigências, afirmações, do desejo de se libertar, de arrebentar a tumba de sua mudez. A fala que lhe faltava que niguém se dera o trabalho de ensinar a ele, a necessidade da palavra carregava seu olhar de urgência explosiva: era um olhar tão selvagem quanto humano, até maduro, um julgameto que nenhum de nós conseguia suportar, tão pesado era sua força e angústia.
Durante a noite ouvíamos atentamente, do canto de Hurbiniek vinha ocasionalmente um som, uma palavra. Não era, reconheça-se, sempre a mesma palavra exata, mas era certamente uma palavra articulada; ou melhor diversas palavras articuladas de modo diferente, variações experiementais sobre um tema talvez um nome.
Hurbinek, que tinha três anos e talvez houvesse nascido em aushwitz, nunca vira uma árvore; Hurbinek, que lutou feito um homem, até o último suspiro, para conseguir entrar no mundo dos homens e o poder bestial o excluíra; Hurbinek, o sem nome, , cujo antebraço minúsculo exibia a tatuagem de Aushwitz; Hurbinek morreu nois primeiros dias de 1945, livre mas nao redimido. Nada resta dele: ele dá seu testemunho a partir destas palavras".
Homenagem à Hurbinek - Primo Levi- A trégua.
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