quinta-feira, 8 de outubro de 2009

And the oscar goes to



1º Lugar : “Judeu Cearense”,
por Eduardo Shor

2º Lugar: “À procura das sementes”,
por Leon Clement Rousseau



Escolhidos por um júri da Academia Brasileira de Letras

Parabéns a todos os participantes e aos grandes vencedores!

Os contos vencedores estarão na edição de Outubro do Jornal de Letras


Leia os textos de nossos vencedores!


Judeu Cearense

Nariz protuberante. Cabeça chata. Shulent ou baião de dois. Guefiltefish ou macaxeira. Chrein ou rapadura. Tudo junto? Haja estômago. Haja Deus. Haja milagre, meu Padim Ciço. Pois que o cearense e o judeu saem aos montes de sua terra natal e um dia sonham em voltar. Um dia, quem sabe? Os dois bem-humorados, que riem de si próprios, das desgraças por que passam. E choram. A seca ou o preconceito. A fome ou a perseguição. No violino ou na sanfona.

Um dia o mar vai virar sertão e o sertão vai virar mar, que vai se abrir e vai fechar. Bumba meu boi kasher. Bumba meu boi bum bum baticundumburucutun. Aman. Baticundumburucutun. Aman. Baticundumburucutun. Até que um cabra (de repente, um sabra) de barba e capa preta, fantasiado de Marylin Monroe ou cangaceiro berra do altar uma estrondosa palavra em hebraico anunciando a liberdade no solo árido, com um berrante.

Amém. Amem. Ame teu próximo como a ti mesmo. De uma tora faça o fogo. De uma Torá preserve a chama da vida. Não a chama inquisitorial. Pois do arbusto em chamas o Eterno falou a Moisés, retirado das águas do São Francisco. Monte a cavalo por essas capoeiras desérticas da caatinga. Mantra, ouça, Israel. Desmonte o jumento de ouro. Monte Sinai. E desponte rumo à terra de Abrahão, que te mostrarei. A terra de Isac, Jacó, Severino, Virgulino, Cícero, Sara, Rebeca, Maria Bonita. A terra bonita que jorra leite, mel e carne de sol.

Por Eduardo Shor



À Procura das sementes
Junto aos rios da terra amaldiçoada

De Babilônia, um dia nos sentamos,

Com saudades de Sião amada.



As harpas nos salgueiros penduramos,

E ao relembrarmos os extintos dias

As lágrimas dos olhos desatamos

Nenhum comentário: