segunda-feira, 13 de julho de 2009

Domingo,12 DE JULHO

Queridoleitor, não sei se você sabe, mas nosso blog está sendo escrito a 68 mãos. Os participantes se revezam para tentar colocar em palavras as andanças e os pensamentos do grupo. Hoje coube a mim. Não sou jornalista, então não espere um texto jornalístico, não sou escritor, então não espere de mim frases de efeitoe semântica, sou um observador e vou tentar relatar as nossas andanças asminhas percepções sobre as atividades propostas. Hoje seguimos nossa viagem de ônibus pelas estradas polonesas, saímos cedo de Varsóvia(em polonês: Warszawa) em direção da atual cidade de Cracóvia (Krakow)que engloba a antiga Cracóvia e a cidade de Kazimierz. Muitos pensam que para ensinar (e aprender) sobre a Shoa só é necessário falar das mortes e genocídios, estão enganados estes. Hoje conhecemos a rica vida de uma comunidade orgulhosa e influente em uma época pré II guerra. Visitamos sinagogas, ruas, o cemitério judaico e ouvimos sobre a dedicação e humildade do Rav Rama. Sentimo-nos tocamos sobre o sonho do Rav de Calebar sobre uma possível salvação espiritual das vitimas da Shoa. Não sabemos se o sonho se realizou, mas acompanhamos a melodia composto por ele em homenagem as vitimas. Nosso grupo é heterogêneo na formação pessoal, sabemos nos respeitar e perceber em nossas opiniões adversas como podemos repensar conceitos e assim crescer com a opinião do outro, hoje tiramos alguns minutos (ou será que foram horas?? Aqui o tem povoa) para colocar opiniões, observações e questionamentos sobre o nosso dia anterior, nossas idéias são recicladas a cada nova visitação, a cada palestra,a cada nova informação. Um dos pontos discutidos com recorrência no grupo é o reconhecimento que o holocausto não é judaico, não é SÓ judaico. Não podemos pensar nas vitimas como números, devemos pensar neles com nomes e sobrenomes.Precisamos lembrar-nos deles não só como judeus, ciganos, negros, comunistas eoutras minorias, precisamos lembrar-nos deles como seres humanos. Depois de conhecermos a galeria Galicia Jewish Museum seguimos para a “PlacBohaterów Getta” (ou no bom Português: “Praça dos Heróis do Guetto”), onde além de conhecer os limites do Guetto de Cracóvia, além de conhecer a ponte onde 20 Mil judeus cruzaram para morar em um espaço antes ocupado por 03 mil pessoas, além de conhecer os resquícios de um muro que para alguns simboliza as taboas da lei,mas para os nazistas era um modo macabro de colocar caixões de concreto sobre uma população que ainda caminhava; além de tudo isso nos sentamos ao chão para conhecer historias de Tadeusz Pankiewicz um dos Justos entre as nações. Muitos esquecem que do mesmo modo que o sangue judeu não nos faz sovinas, que o sangue cigano não os fazem escoria o sangue alemão não os fazem nazistas. Nosso dia foi cheio de emoções, conceitos e sítios novos. Viajávamos pelas estreitas ruas do interior polonês quando fomos surpreendidos por uma“atração” que o grupo desconhecia do programa. Nosso querido guia argentino/israelense (e quase polaco/brasileiro) nos levou a um sitio raro, uma descoberta. É um lugar pequeno, simples e que talvez causasse espanto a outros grupos, mas não aos participantes do Yad Vaed. No cemitério (cristão) da cidadede Pszczyna encontramos o tumulo de 18 vitimas “anônimas” que pereceram na Marcha da Morte. Não temos ainda registros, mas a teoria é que o padre da cidade tentou ao menos na morte devolver a humanidade a aquelas pessoas que constantemente foram desumanizadas pelos nazistas. Nossas vitimas“anônimas” não possuem religião ou nacionalidade, sabemos apenas que são seres humanos que foram mortos pela xenofobia, pela intolerância ao diferente (que na verdade não é diferente). Amanha seguiremos a Auschwitz e por isso depois do jantar tivemos um bate-papo mediado pelo madrich Michel Guerman e nosso querido convidado o prof. Luis Edmundo sobre a dinâmica do passeio do dia seguinte. Sobre amanha... Vamos deixar para amanha, onde um novo colega postara a nossa andança.

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